Vinhos Verdes – Uma Região com vinhos para se encantar.

Mas, o que vem a ser vinho verde? É um estilo de vinificação, uma região, ou apenas colorações? Vamos aprender sobre isso tudo e deixar claro de uma vez por todas sobre esse vinho e sua condição.

Para quem pensa que Vinho Verde são vinhos de coloração esverdeada, lamento informar que não são.

Vinho Verde é uma região demarcada de Portugal onde são produzidos vinhos que carregam essa nomenclatura tendo determinadas exigências que compõe toda essa limitação, tais como exigências de vinificação dentro do próprio território, utilização de algumas castas específicas dentre outras tantas.

Toda essa situação começou em 1908, quando os portugueses demarcaram a região do Vinho Verde, transformando-a em uma DOC – Denominação de Origem Controlada. Sendo, posteriormente, criada a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) em 1926, com o papel de controlar toda a produção regional, ganhando maior rigidez nas limitações dos processos de cultivo das vinhas e de vinificação à partir de 1926. Quando a amostra apresentada à CVRVV não cumpre com os requisitos legais para ser certificada como DOC, o exemplar recebe o selo IG Minho.

Isso não quer dizer que o vinho é de pior qualidade, apenas que não se enquadra legalmente aos parâmetros pré-definidos. A IG Minho permite a utilização de maior variedade de castas, incluindo uvas internacionais, e regras distintas de vinificação. Na maioria dos casos, os produtores não estão buscando necessariamente a tipicidade do vinho, mas a produção de vinhos inovadores. É comum encontrar vinhos IG Minho mais caros que os DOC Vinhos Verdes.

Toda essa região, como podemos verificar no mapa fica ao Noroeste de Portugal, na província do Minho, cercado por montadas que são entrecortadas pelo Rio Minho.

Com solo arenoso, formado por placas de granito desagregadas, tem na sua composição muita acidez. Constituindo-se na única região do mundo que pode ser classificada e denominada como produtora do Vinho Verde de acordo com registro feito em 1973 na cidade de Genebra junto à OMPI – Organização Mundial de Propriedade Industrial.

Historiadores afirmam que os vinhos verdes foram os primeiros vinhos portugueses a serem exportados e reconhecidos fora do país. Isso aconteceu no século IX, principalmente pela Inglaterra. Sendo uma região que se estende da divisa com a Espanha pela divisa do Rio Minho até a região do Rio Douro, com característica de vinhos com acidez alta que dão aos mesmos uma sensação de refrescância e jovialidade que determinam os mesmos como sendo “verdes”, daí a utilização dessa expressão na região. Uma região que pode ser identificada como “Entre-Douro-e-Minho”, face os rios que limitam a Região.

A região do Vinho Verde está dividida em 9 subregiões: AmaranteAveBaiãoBastoCávadoLimaMonção e Melgaço, Paiva e Sousa.

Uma observação interessante é que se uma vinícola quiser especificar no rótulo a sub-região em que o vinho verde foi elaborado, ela deve usar as castas recomendadas para essa respectiva sub-região.

Castas da região do Vinho Verde

As principais uvas dos vinhos verdes são autóctones, ou seja, nativas do país. São suas qualidades únicas que trazem aquela tipicidade tão admirada pelos amantes do vinho. Entre elas se destacam:

Alvarinho – considerada a mais nobre das uvas brancas de Portugal.

Loureiro – presente em quase toda a região do vinho verde, suas plantas costumam ter alto rendimento por hectare. Apesar disso, tem demonstrado uma qualidade superior.

Arinto – também chamada de Pedernã, essa casta tem uma característica cítrica muito apreciada nos vinhos feitos a partir de blends. Um corte tradicional do vinho verde é o blend entre  Arinto, Loureiro e Trajadura.

Outras castas brancas da região: Avesso, Azal, Fernão Pires, Trajadura.

Tintas: Amaral, Borraçal, Espadeiro, Padeiro e Vinhão.

Vinhos Brancos

Os vinhos branco possuem frescura natural, baixo teor alcoólico, são leves e elegantes. Destacam-se pelo intenso aroma de flores e frutas jovens. Exemplares mais tradicionais têm um leve frisante. Na boca são intensos e refrescantes. São muito gastronômicos, ou seja, ideais para acompanhar uma boa refeição. Conheça também a Alvarinho, a casta de uva icônica da região. Eles apresentam acidez intensa, ainda que delicada, e são harmoniosos ao paladar. A intensidade de seus aromas frutados e florais evidencia um frescor poderoso a cada gole.

Vinho Verde Tinto

Os vinho verde tinto têm taninos marcantes e uma acidez alta, que muitas vezes causam efeito agulha na boca. Possuem corpo médio, são muito aromáticos, com notas de frutas vermelhas e silvestres, e com coloração vermelho intensa. São frescos e altamente gastronômicos. Essa qualidade proporciona vinhos com coloração intensa, que podem apresentar uma espuma mais rosada ou avermelhada. Em seu aroma destacam-se os frutos silvestres, mantendo as características gerais dos vinhos do noroeste português: acidez marcante, frescor intenso em seu sabor e aroma.

Os vinhos verdes tintos são considerados vinhos extremamente gastronômicos, sendo utilizados tanto para a harmonização de pratos complexos, como no preparo de algumas receitas especiais.

Vinho Verde Rosé

O vinho verde rose é muito aromático, com notas de frutas frescas, vermelhas, que se repetem na boca. Nos exemplares mais tradicionais, sente-se certo dulçor no paladar. A coloração rosa intensa, comum nessa região, está dando lugar ao levemente rosado. Novos produtores têm apostado em tons mais claros, seguindo a tendência dos rosés de Provence. A variação da cor desses vinhos vão de levemente rosado a um rosa bem carregado. Os aromas jovens são a marca característica dessa variedade, que traz em si notas de frutas vermelhas. O sabor é persistente, apesar de seu frescor natural, e pode surpreender os paladares acostumados aos rosés comuns.

Espumantes dos Vinhos Verdes

Os espumantes dos Vinhos Verdes estão ganhando espaço, graças a alta qualidade apresentada, costumando serem frescos e aromáticos e na boca apresentam certa complexidade.

Contudo, para receberem o selo da Denominação de Origem Controlada Vinho Verde (DOC), os espumantes devem ser produzidos pelo método tradicional, tendo a segunda fermentação em garrafa, com estágio mínimo de nove meses na adega do preparador, após a data do engarrafamento, para poder ser comercializado.

Os espumantes tem um frescor aromático sempre presente e, que pode ser evidenciado devido às temperaturas de consumo mais baixas. Variando, apenas a a doçura do vinho por causa da concentração de açúcar residual presente no resultado final.

Harmonização: o que combina com Vinho Verde?

Os Brancos possuem muita acidez e frescor, é uma boa companhia para frituras, comidas gordurosas e condimentadas. São bons parceiros na harmonização da culinária japonesa, indo bem desde as entradas fritas e quentes até os crus; assim como outros pratos de peixes e frutos do mar. O Vinho Verde Rosé por ter mais estrutura acompanha pratos igualmente estruturados, como embutidos, carpaccio e caldeiradas. Já os tintos suportam receitas ainda mais pesadas como feijoada, leitão assado, galinhada e arroz de pato.

Finalizando…

Essa é mais uma região repleta de locais fantásticos para serem visitados e levando, sempre, sua Mala de Vinho, para trazer as relíquia e os maravilhosos vinhos que as regiões dos Vinhos Verdes podem lhe oferecer.

Não deixem de visitar as regiões de Monção e Melgaço, para conhecerem os emblemáticos vinhos do Anselmo Mendes e toda sua história, com vinhedos belíssimos feitos sobre pedras ardósias numa vista fantástica para o Rio Minho e com muita história enraizada.

Fica mais essa dica.

Boas viagens sempre com a Mala de Vinho, Rent a Bag e as dicas do Ivan da @duvalewinetasting

Ivan Ribeiro do Vale Junior.

Advogado / Sommelier / Professor / Escritor

WSET / ISG / FACSUL / UFRGS

@duvalewinetasting



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